sábado, 30 de maio de 2009

Ata de 21 de Maio

GRITO DE ALERTA


Alam


“-Moço, você sabe me dizer se aqui é um terreiro?”
Quem fazia essa pergunta era uma criatura
Que surgira da calçada, tendo a porta por moldura,
Parecendo pertencer à turma do Bento Carneiro.
É um fato preocupante, essa estranha aparição.
Pode ser o precursor de uma grande legião,
Daqueles que pedem “roquinho”, ou música sertaneja,
Sacodem a nossa cadeira e, sem nenhuma noção
Do que venha a ser ritmo, do que seja divisão,
Vão batucando nas mesas e garrafas de cerveja.
Ou então daqueles tipos, espero que não apareçam,
Que cantam mal e de pé, cuspindo nas nossas cabeças.

sábado, 23 de maio de 2009

Ata de 16 de Maio

A RODA DA VIDA


Alam


A vida anda em círculos onde tudo se repete,
O que acontece agora já ocorreu outro dia,
É assim no universo. Por que não na Confraria?
E só resta ao Escriba fazer o que lhe compete.
Observar tudo aquilo que parece novidade
E fazer o seu registro para a posteridade.

Som alto tocando pagode e música sertaneja.
Ismaestro Ligeirinho mexendo no seu “banjolim”.
Começar tocando choro, deixando o samba pro fim.
Gente chegando, bebendo e não pagando a cerveja.
E o companheiro Poeta começando, novamente,
A tocar seu tamborim dormindo profundamente.

sábado, 16 de maio de 2009

Ata de 9 de Maio

OSSOS DO OFÍCIO


Alam


Para comer, feijão branco repleto de frutos do mar
Preparado pelo pai, que está comunicando
O fato de ser menina quem, em breve, está chegando,
E, junto com os confrades, resolveu comemorar.
Já escuta choro e samba, bem antes do nascimento.
Não demora, está na roda tocando algum instrumento.

Roda essa que se forma, já faz um punhado de anos,
Sem que haja compromisso, sem que haja obrigação,
Onde o que importa é a música, e evita-se discussões,
Apesar de, algumas vezes, frustrarem-se nossos planos.
Não podemos evitar, quando a vida nos enseja,
De fazer o “test drive” de cachaça e de cerveja.

sábado, 9 de maio de 2009

Ata de 2 de Maio

O SANTO GUERREIRO


Alam


Quem canta e toca sozinho tem toda a liberdade
De fazer o que quiser com a voz e o instrumento,
Alterar a melodia, a divisão, o andamento,
Ser artista, inventando a bossa que tiver vontade.
Mas quando estiver em grupo, em atenção aos companheiros,
Não pode sair cantando como se faz no chuveiro.

Recebemos, com alegria, de volta ao nosso convívio,
Após longa temporada em que esteve afastado,
Um companheiro que chega bastante aliviado
Por não mais ser obrigado a viver em um presídio.
Não fiquem pensando mal desse nosso companheiro,
Ele estava no presídio porque era carcereiro.

sábado, 2 de maio de 2009

Ata de 25 de Abril

PRÉ-VESTIBULAR


Alam


Entrar para a Confraria não é nada complicado.
Tendo sido apresentado, ou vindo de curioso,
Só precisa chegar bem, não se mostrar espaçoso,
Que, para participar, logo será convidado.
Não sabe o que é chegar bem? É só por as mãos à obra
Lembrando a primeira visita que fez à futura sogra.

Não se discute política, futebol e religião.
Fuma-se bem longe da mesa, com isso não há complacência.
Quantas cervejas pagar, é questão de consciência.
Nenhum instrumento é ligado. A gaita é exceção.
No mais, é beber cachaça, cerveja, falar besteira
E, se tiver que morrer, esperar segunda-feira.